A ciência explicativa
“[…] Trata-se de descrever, e não de explicar ou analisar […] o real está para ser descrito, não para ser construído ou constituído”
(Merleau- Ponty, 1966)
Eu acho que este período pandêmico que vivemos é tão pregnante de sentido que a sua compreensão não exige intermédio de tradutor algum. Confesso que me irritam os artistas que se oferecem para me explicar o que é a pandemia e também me irritam os convites para que eu mesma a explique. Não há nada sobre o estado de quarentena que eu já não saiba porque não há nada sobre o estado de quarentena que todos nós já não saibamos; não quero que me expliquem nada, não é preciso explicar o que está comum. (O único relato que eu gostaria de ouvir sobre o coronavírus é o de Susan Sontag e ela já morreu.)